sábado, maio 25, 2019

Cervejas artesanais atraem por seus sabores e aromas

Guilherme Ferraz
PUC-Campinas

Cervejaria artesanal em Ribeirão Preto
Já não é difícil encontrar casas dedicadas exclusivamente às cervejas artesanais no País. De acordo com a Abracerva (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal), de 2009 pra cá, o Brasil foi de 70 para 700 cervejarias, fora as que não possuem registro. Em 2018, por exemplo, cerca de 200 novas fábricas foram registradas, um crescimento de 35% no ramo.

Mesmo sendo registrado o aumento dos interesses das mulheres pelas cervejas artesanais, os dados da pesquisa revelam ainda que o perfil predominante de consumidores são homens com idade entre os 25 e 40 anos. As grandes marcas dos grupos cervejeiros ainda são hegemônicas, mas os diferentes sabores e aromas que as cervejas artesanais apresentam vem cada vez mais atraindo novos consumidores.

O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial desse setor, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, gerando cerca de R$ 74 bilhões por ano, segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas para a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja em 2016. No País são produzidos 14 bilhões de litros, destes, 8,5% são produzidos exclusivamente na cidade de Ribeirão Preto (SP).

Maior polo cervejeiro do Brasil
Fachada da cervejaria Pinguim
Ribeirão Preto que está localizada a 330 quilômetros de São Paulo. Produz cerca de um milhão de litros de cervejas por mês. O clima quente do município, com temperaturas que podem chegar até 46° no verão e perto de 30° no inverno, é propício para degustar uma boa cerveja. Na cidade já existem nove cervejarias artesanais que estão te esperando de forma acalorada!

Entre elas as cervejarias que produzem chopes e cervejas, destacam-se as novas Colorado e Walfanger e a tradicional Pinguim, pelo sabor e temperatura das bebidas e, principalmente, pela qualidade da água retirada do Aquífero Guarani, um reservatório de águas subterrâneas cristalinas.

A Colorado foi fundada em 1996 e desde então vem misturando os mais legítimos sabores brasileiros. O malte e o lúpulo rigorosamente selecionados são combinados com ingredientes como: café, rapadura, mandioca, mel, graviola, caju, entre outros. Produzindo 700.000 litros/mês. Atualmente existem os seguintes rótulos em linha: Cauim, Cauim 016, Appia, Demoiselle, Indica, Vixnu, Bertho, Ithaca, Guanabara, Murica, Eugênia, Nassau, Rosália, Gabiru e Oktö.

Chope na Toca do Urso
Além dessas, mensalmente são produzidas de três a quatro inovações na nano cervejaria da marca e que são servidas exclusivamente em chope no Toca do Urso, bar oficial da Colorado. O prato chefe da casa são os Sandubinhas de porco na lata à seu Zé Luis do Mel, selecionada carne suína, coberta com o mesmo mel da cerveja Appia.

No caso da Walfanger, são quatro anos produzindo cervejas deliciosas baseadas na renomada escola alemã. A cervejaria produz 60.000 litros de chope por mês, divididos em sete sabores: Germain Pilsen, Lager, Weiss, Ipa, Doppelbock, Vienna Lager e Doppelsticke.

Apesar dos poucos anos de vida a cervejaria já conquistou inúmeros prêmios, nacionais e internacionais. A Weiss recebeu medalha de prata na Argentina, a Doppelbock ganhou medalha de ouro no festival de Blumenau-SC e em setembro do ano passado a Doppelsticke foi premiada na Inglaterra como sendo a única cerveja envelhecida em barril de carvalho produzida no Brasil.

A cervejaria chamou a atenção do ex-goleiro da Seleção Brasileira e do Palmeiras, Marcos. Após se aposentar do futebol o arqueiro se tornou mestre cervejeiro e viu na Walfanger a qualidade necessária para a produção de sua cerveja, a Camisa 12. Um nos tanques da cervejaria é exclusivo para a cerveja do Marcão.

Outra curiosidade é o recente acordo da cervejaria com o Botafogo Futebol Clube, tornando a Walfanger a primeira cervejaria brasileira a patrocinar um clube de futebol. Após o contrato ser firmado a Walfanger lançou a Cerveja Centenário Botafogo, cerveja oficial do Botafogo-SP. A cervejaria também criou um bar no novo estádio do Botafogo Futebol Clube, a Arena Eurobike.

O prato chefe da casa é uma tradicional receita alemã, o Eisbein (ou joelho de porco). Essa carne é conhecida por usa maciez, além de ser cozida na cerveja Walfanger.

Já a Choperia Pinguim é uma das mais famosas e tradicionais choperias do Brasil. Desde sua inauguração em 29 de agosto de 1936 serve chope Antarctica, mantendo sempre o mesmo padrão e qualidade.

Localizada no coração de Ribeirão Preto, no calçadão da cidade, está em um prédio histórico com arquitetura do século 30, bem ao lado do Teatro Pedro II. Além dessa, existem mais três unidades, no Ribeirão Shopping, em Belo Horizonte e na capital federal, Brasília.

O processo de refrigeração do chope é complexo e chama muito a atenção. O chope é conduzido da câmara fria para a chopeira por uma serpentina refrigerada, com 800m de comprimento, na qual é refrigerada por enormes barras de gelo.

Uma curiosidade para os frequentadores do local é o barulho do sino, tocado a cada 90 minutos. O sinal serve para avisar aos clientes que haverá uma interrupção em servir o chope, para que a casa possa repor o gelo na chopeira, com o objetivo de manter temperatura e cremosidade ideais. Tornando o chope conhecido como o mais gelado do país. A choperia registra mais de duas mil pessoas, diariamente, consumindo mais de 30 mil litros de chope por mês, servidos em tulipas de cristal.

O prato chefe da casa é o Filet à Fazendeiro, o prato preferido do Rei do Gado. Arroz temperado, palmito, ervilhas na manteiga, batata palha e o filet mignon empanado, recheado com presunto e queijo e coberto com molho rose.

Novos apreciadores
O Brasil é rico em ingredientes variados e de alta qualidade, possibilitando aos produtores artesanais fabricarem cervejas para todos os gostos. Mas você sabe como elas são feitas?

Segundo o mestre cervejeiro e fundador da Cervejaria Walfanger, Caio Walfanger, no mercado brasileiro, as cervejas industriais são produzidas com adjuntos na receita, como principalmente o milho, enquanto as artesanais promovem o que os especialistas chamam de ‘Lei da Pureza’, utilizando somente malte na receita, deixando-as mais fortes e saborosas.

Seu processo de fabricação é minucioso e leva em média 30 dias para ser concluído. Os ingredientes, previamente selecionados e medidos, passam por seis etapas de produção: aquecimento e adição de malte, clarificação, ebulição e resfriamento, oxigenação, fermentação e a maturação. Cada processo, precisa-se ser rigorosamente controlada, para que no final se obtenha o saboroso líquido.

O publicitário Julio Cesar (esq.): “mais
qualidade do que quantidade"
Produzidas em menor escala, em comparação as tradicionais, as artesanais têm conquistado o paladar dos apreciadores mais exigentes da bebida, como é o caso do publicitário e degustador de cervejas Julio Cesar “Estamos procuramos mais qualidade do que quantidade, se antes bebíamos altas quantidades de cervejas produzidas com milho, hoje preferimos consumir cervejas mais elaboradas, com menos conservantes e com ingredientes naturais, além da grande variedade disponível”.

Reza a lenda que, por serem produzidas com ingredientes de maior qualidade, as cervejas artesanais não fazem surgir aquela “barriguinha de cadela prenha” em seus consumidores. Excelente notícia, não?

Vou dar duas dicas para quem não abre mão de tomar uma: se for beber não dirija e, se já estiver bebendo, segure a primeira ida ao banheiro, pois depois que abrir a porteira é uma ida atrás da outra.

Um comentário:

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.