PUC-Campinas
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Fila de trabalhadores em busca de emprego no CPAT de Campinas |
O IBGE também apontou que a população fora da força de trabalho alcançou 65,7 milhões de pessoas, a maior da série do Instituto, crescendo 0,9% frente aos três meses anteriores e 1,2% na comparação com o mesmo trimestre de 2018. Já a população ocupada ficou em 92,1 milhões de pessoas, o que representa a queda de 1,1% frente aos três meses anteriores (menos 1,062 milhão).
“ É muito necessária uma boa qualificação para a entrada no mercado de trabalho ” |
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Silvia Garcia, coordenadora do CPAT SINE |
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Criação de vagas ainda deixa a desejar |
“ O impacto da Reforma Previdenciária do novo governo gera ainda, incertezas para a economia” |
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Laerte Martins |
Grande parte da população que sofre com o desemprego são os jovens. Marcel Ferraz, formado em biologia há 2 anos pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), acredita que a causa que o levou a ficar desempregado por 1 ano e 4 meses foi a grande concorrência e a falta de vagas na área: “por não existir muitas vagas para a biologia e ter muita gente já formado, mas desempregado, isso acabou me causando a falta de emprego ou tendo que recorrer a outro tipo de serviço”, comenta.
“ A formação no ensino superior e a realização de estágios pode aumentar as chances de ingressar no mercado, mas ainda não é garantia de empregabilidade” |
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Bruna Wargas |
As muitas tensões do mercado estão em torno das expectativas do governo em aprovar medidas como a reforma da previdência. Além disso, para os economistas Bruna Wargas e Laerte Martins, a causa da diminuição do emprego está intimamente ligado ao crescimento do PIB, que vem se expandindo a taxas muito baixas (0,9% / 1,0%). A perspectiva para este ano, é de um crescimento tímido, sendo que o PIB deve crescer 2%, de acordo com o IPEA (2019). Ou seja, o movimento ainda é muito incerto, mas espera-se uma estabilidade em geral com relação ao desemprego.
Microempreendedores
O número de microempreendedores individuais em Campinas cresceu 16,55% no primeiro trimestre de 2019, em comparação com 2018. Para Bruna Wargas, é muito comum que em momento de elevado desemprego a busca por alternativas de se realocar no mercado, passam pela alternativa do empreendedorismo, mas acaba não sendo uma boa opção. “Muitas vezes, essa alternativa acaba frustrada, pois a entrada em um determinado mercado demanda um planejamento, analisar o mercado, concorrentes, clientes, fluxos de caixa etc.”, explica. Ademais, a taxa de empresas que fecham no primeiro ano de funcionamento no Brasil é bastante elevada.
Criação de vagas
O governo divulgou no dia 24 de março que, em 2018, o País criou 529 mil postos com carteira assinada, após 3 anos seguidos de demissões superando as contratações. A projeção dos economistas para 2019 está entre 590 mil e 870 mil de vagas com carteira assinada, mas a taxa de desemprego ainda deve ficar acima de 10%. O trabalho informal continuará a superar o emprego formal, e a taxa de desemprego deverá terminar o ano ainda em dois dígitos.
Bolsonaro
“ Temos que ter uma taxa não de desempregados e sim de empregados” |
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Bolsonaro |
O IBGE, assim como órgãos de estatística de outros países, considera como desempregados apenas as pessoas que estão procurando, mas não conseguiram encontrar um emprego. Os que não possuem emprego e não estão procurando são enquadrados em outra categoria, de população desalentada.
Para Bolsonaro, o problema com os dados do IBGE é que, quando há uma pequena melhora na perspectiva econômica, essas pessoas que não estavam procurando emprego, procuram, e, quando procuram e não acham, aumenta a taxa de desemprego. “É uma coisa que não mede a realidade. Parecem índices que são feitos para enganar a população”, comenta Bolsonaro.
Em nota, o IBGE declarou que “a metodologia adotada segue recomendações dos organismos internacionais, em especial a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com o intuito de garantir a comparabilidade com outros países”. Mas, em entrevista à rede de televisão Record, no dia 1º de abril, Bolsonaro afirma que essa metodologia aplicada em outros países não é a mais correta. “É fácil ter a metodologia precisa no tocante à taxa de desemprego. É você ver dados bancários, dados junto à Secretaria de Trabalho, quantos empregos geramos a mais ou a menos no mês”, disse o presidente.
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro faz críticas ao IBGE. Em novembro de 2018, ele expôs que quer mudar a metodologia do cálculo da taxa de desemprego. Segundo ele, beneficiários do Bolsa Família são contabilizados como empregados. “O que está aí é uma farsa. Quem recebe Bolsa Família é tido como empregado, quem não procura emprego há mais de um ano é tido como empregado. Temos que ter uma taxa não de desempregados e sim de empregados”, afirma. Como resposta, o IBGE negou essa informação.
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