domingo, junho 16, 2019

Índice da cobertura de vacinas diminui por medo de agulha e movimento anti-vacina

Thainá Simone
PUC-Campinas

As enfermeiras Clelia e Meri aplicaram ao todo 2.427 doses
da vacina contra a gripe até o dia 3 de junho
O Programa Nacional de Imunizações (PIN) divulgou que a cobertura das vacinações está cada vez menor. De acordo com o programa, 2018 foi o ano com o menor índice de cobertura das vacinas em 16 anos. Por conta da falta das imunizações, doenças como o sarampo, poliomielite, difteria e rubéola voltaram a ameaçar o país, sendo que já estavam erradicadas.

De acordo com o PIN, a faixa etária dos 20 aos 60 anos, é o grupo de pessoas que menos se vacinam. As crianças, de 1 ano aos 6 anos, é o grupo que lidera na imunização, seguido por idosos, de 60 anos aos 80 anos.

A população está deixando de se vacinar por diversos fatores, mas os mais comuns são pelo medo da agulha e o movimento antivacina, que entra cada vez mais em discussão nas redes sociais. Este ano o movimento antivacina foi incluído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no relatório sobre os dez maiores riscos à saúde global, o motivo é a ameaça em reverter o processo feito no combate as doenças evitáveis por meio da imunização.

Thierry de Jesus é estudante e não acredita na eficácia da vacina, apenas tomou vacina quando criança por que a sua mãe o obrigava, mas agora que está morando sozinho não se imuniza mais.

Guilherme Magri Marçon tem medo de agulha e apenas se vacina quando é obrigatório, ele evita tomar as vacinas de campanha, “Não é nem medo, é pavor de agulha. Evito fazer exames e só vou tomar vacina mesmo quando não tem mais jeito e a situação já está bem ruim”, afirma Guilherme.

O exemplo mais recente da falta da imunização é a última Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe, que aconteceu do dia 10 de abril ao dia 31 de maio. Na cidade de Valinhos (SP), apenas 60% da população valinhense que estava no público alvo se vacinou.

Meri Lucia Macedo Rodrigues, enfermeira da UBS de São Marcos em Valinhos acredita que as pessoas deixaram de se vacinar durante a campanha por conta dos boatos que surgiram, que afirmam que a vacina contrai a gripe. A enfermeira explicou que quem tomou a vacina e mesmo assim contraiu a gripe é porque já estava com o vírus no organismo quando se imunizou.

“Eles se preocupam em vacinar os filhos, mas eles mesmos não tomam”, afirma a enfermeira Clelia Bortolozo da UBS de São Marcos. Clelia estava todos os dias na campanha de vacinação e conta que na última semana da campanha, a UBS ligou para os pais cadastrados no sistema para levarem os filhos para se vacinarem, pois apenas 40% dos pais cadastrados não haviam levado seus filhos para se imunizarem.

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