domingo, fevereiro 07, 2021

#4 - Só pra você saber

Só para você saber: hoje, neste domingo, 7 de fevereiro, quero falar com você sobre a matéria de capa da Economist, que abordou o caso Gamestop. Quero falar ainda de reportagem publicada no jornal Clarín da Argentina sobre Inteligência artificial e, por fim, vou ler um trecho do poema “Os cativos”, de Antero de Quental. A revista Economist desta semana destacou o caso Gamestop. Para quem não acompanha muito o noticiário econômico, o caso Gamestop sacudiu o mercado de capitais semana passada. Foi aquilo que os especialistas chamam de “Bolha financeira”, ou seja, uma ação que se valorizou demais, muito acima do potencial de crescimento real e, subitamente, caiu. Essa empresa é uma rede de lojas de videogame nos Estados Unidos. No WallStreetBets, que é um fórum de investimento da rede social Reddit, um grupo de investidores combinou inflar o preço das ações da companhia na Bolsa de Valores de Nova York. Do dia pra noite, a ação pulou de US$ 4 para US$ 123, uma alta de quase 3 mil por cento. Já voltou a desabar, por sinal. Tudo não passou de especulação. A desinformação “amadora”, vamos dizer assim, chegou ao mercado de ações. Especulação financeira sempre existiu, mas nunca foi operada em redes sociais. A Economist destaca que esse momento aparece quando surgiu a “democratização” do mercado de capitais. Nunca foi tão rápido nem tão barato investir dinheiro em bolsas. Muitos especialistas crêem que a alta das ações do IRB seria a versão nacional do fenômeno, mas há controvérsias. A mentira já elegeu Trump e Bolsonaro. Agora está no mercado de capitais.. Como a revista muito bem observa: o risco agora é que a desinformação dará prejuízo real àqueles que acreditam na primeira bobagem que veem nas redes sociais. Confira: https://www.economist.com/leaders/2021/02/06/the-real-revolution-on-wall-street . Mudando de assunto, o caderno de cultura do jornal Clarín publicou este final de semana matéria sobre o uso de inteligência artificial na produção de obras de artes plásticas. O texto destaca que esse mecanismo digital não cria propriamente algo novo, mas sim identifica clichês artísticos, maneirismos, de grandes mestres e aplica-os a determinadas imagens, e isso não é arte. Pode chamar de plágio, pode chamar de muitas coisas, mas isso não é aquilo que movia mestres como Picasso ou Rembrandt. Pensemos em Picasso. Que máquina mudaria da fase azul para a obra-prima Les Demoiselles d'Avignon? As máquinas podem até reproduzir de modo convincentes clichês, mas criar é outra coisa. Não adianta. Acho que, pelo menos eu, não estarei vivo para ver uma máquina criar. Confira: https://www.lanacion.com.ar/cultura/raza-y-genero-los-puntos-ciegos-del-arte-con-inteligencia-artificial-nid05022021/ . Vamos agora a Antero de Quental, uma voz do século 19. Para esse grande autor, aos poetas cabia a missão de cantar a revolução social. Vou ler um fragmento do poema “Os cativos”. Encostados às grades da prisão, Olham o céu os pálidos cativos. Já com raios oblíquos, fugitivos, Despede o sol o último clarão. Entre sombras, ao longe, vagamente, morrem as vozes na extensão saudosa. Cai do espaço, pesada, silenciosa, A tristeza das cousas, lentamente. E os cativos suspiram. Bandos de aves Passam velozes, passam apressados, Como absortos em pensamentos graves. E dizem os cativos: Na amplidão Jamais se extingue a eterna claridade… a ave tem o voo e a liberdade… O homem tem os muros da prisão! Bem, só para você saber, por hoje ficamos aqui. Até a próxima!
https://soundcloud.com/araujofamilia/4-so-pra-voce-saber?utm_source=dlvr.it&utm_medium=blogger

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