domingo, março 31, 2019

Decreto do Rio de Janeiro que torna todos os assentos de ônibus preferenciais é visto com ceticismo em Campinas

Danielle Xavier da Silva
PUC-Campinas


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foi vista com cetitismo por entrevistados
Decretada no Rio de Janeiro em fevereiro deste ano, uma lei estabelece que todos os assentos do transporte público sejam preferenciais para idosos, gestantes e pessoas com deficiência. A possibilidade de uma lei semelhante em Campinas é vista com ceticismo pela população, por gestores e trabalhadores do transporte coletivo da cidade.

Em nota oficial, a Assessoria de Imprensa da Emdec informou que “no momento, o município não discute projeto semelhante ao decreto proposto no Rio de Janeiro, relacionado aos assentos preferenciais no transporte público." O órgão acrescenta que os assentos destinados ao uso preferencial nos ônibus do transporte público coletivo são regulamentados pela Lei Municipal 5.782/1987 e pela Resolução 123/2006. Os assentos preferenciais são identificados.

A motorista do transporte público Gislaina Cordeiro, de 37 anos, motorista há 15 anos, considera difícil tornar o motorista responsável pelo controle da verificação de laudos e, caso a pessoa não ceda o lugar, ter que se encaminhar para a polícia ou guarda municipal. Ela diz que o trânsito é intenso e, para a devida verificação, teria que parar o ônibus para conferir as informações, o que atrapalharia o fluxo de veículos.

A motorista disse que certa vez precisou parar o ônibus, pois estava lotado e entrou uma mulher grávida, tendo que parar para resolver a situação. "Nesse meio tempo os passageiros acharam ruim, os carros atrás ficaram buzinando sem saber o que estava acontecendo dentro do ônibus". Gislaina acrescenta que, para acontecer isso, teriam que colocar uma pessoa específica para fiscalizar. Ela diz já ter sofrido agressão de um passageiro que pegou carona, e discutiu com a cobradora. Na ocasião, Gislaina falou: “Não precisa disso, entra lá atrás”, e o passageiro deu um soco nela.

Celia Francisco Lima Gimenes, de 56 anos, usuária do transporte público, afirmou que não daria certo a implementação na Região de Campinas. “Haveria uma dupla função pro motorista, e atrasaria todo seu trabalho”. Ela acrescenta que o trânsito na cidade é difícil, os ônibus não oferecem conforto, são lotados, quentes.

Opinião semelhante tem Jaqueline Lopes Rezende, de 20 anos. Ela disse que essa lei não daria certo e que o ônibus deveria ser metade com assentos preferenciais e a outra metade não. “É só conscientizar a pessoa. Quando vejo um idoso que precisa sentar e os demais lugares já estão ocupados, ofereço o meu lugar”, destacou.

A Assessoria de Imprensa da Emdec informa que incentiva o respeito aos assentos preferenciais e, periodicamente, realiza campanhas educativas sobre o tema.

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