segunda-feira, abril 01, 2019

Dia Internacional de Conscientização sobre o Autismo é tema em escola de Sumaré

Letícia Vigano Batista
PUC-Campínas

Alunos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio da escola Integrada Educativa de Sumaré se uniram na última semana com a direção da escola para produzirem uma campanha de conscientização sobre o autismo. A ação teve o intuito de lembrar a importância do dia 2 de abril, o Dia Internacional de Conscientização do Autismo, e propagar o respeito e a inclusão do autista no ambiente escolar e social. A escola Integrada Educativa tem 33 anos de existência e atualmente atende 1.200 alunos do Ensino Infantil ao Médio. Dentre eles, 7 são autistas.

Daniela Rueda Machado e Ronan Brandão Machado, pais de Eduardo, uma criança autista, relatam que o filho não tinha todas as características de um autista, mas tinha as fundamentais. O que chamou a atenção foram os sinais de isolamento apresentados pela criança e o fato de ele sempre andar na ponta dos pés e enfileirar os brinquedos. Machado é pediatra e afirma que “o autismo é um espectro muito variável. Então é difícil você achar uma criança que se encaixe em todos os aspectos, por isso é difícil descobrir se realmente é autismo ou não”; os pais relatam que, no momento em que tiveram o laudo, começaram a conversar com a escola sobre a adaptação. De acordo com a diretora Valéria Frezzarin Faé, “quanto mais cedo a família detectar, for em busca de acompanhamento e aceitar a condição da criança, mais cedo as habilidades irão se desenvolver. Quanto mais cedo o diagnóstico, mais rápida é a adaptação”, destacou.

O tema foi abordado pela escola por meio da elaboração de um vídeo de conscientização em que o aluno Felipe Azanha Prado, de 11 anos, coordenou as entrevistas que tinham como enfoque a convivência entre as crianças típicas e as atípicas. Os alunos que participaram deram seus depoimentos relatando experiências e contando como ajudam no desenvolvimento e na inclusão de seus amigos. Julia Vitória Oliveira, de 17 anos cursa o 3º ano do Ensino Médio e, ao ser questionada sobre como é conviver diariamente com um autista em sua sala, ela disse que é um "aprendizado diário e muito divertido": “ele costuma falar tudo que ele pensa e não guardar coisas pra ele. É como se ele nos representasse” afirma a jovem.

Gisele Abraão é professora e trabalha na educação a 20 anos e a 10 anos com autistas, ela acredita que a sociedade precisa mudar os seus pré-conceitos em relação aos autistas e que o conhecimento é fundamental para que haja uma inclusão eficaz. “Embora o número de autismo seja expressivo, ainda há muita desinformação sobre o assunto, o que intensifica o preconceito e a exclusão” afirma Gisele. Foi compartilhando do mesmo pensamento e acreditando que a conscientização vem a partir da informação, que a direção da escola propôs a campanha para os alunos. Segundo Daniela mãe de Eduardo, campanhas como essa e a existência do dia 2 de abril são importantes para que as mães aceitem o diagnóstico dos seus filhos, “é importante os pais não perderem tempo com a aceitação do diagnóstico” diz ela.

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por inabilidade de interação social, dificuldade no domínio da linguagem e padrão de comportamento restritivo e repetitivo. O autismo acomete pessoas de todas as classes sociais e etnias; seu grau de comprometimento é de intensidade variável: vai desde quadros mais leves, como a síndrome de Asperger, na qual a fala não é comprometida, até quadro mais graves em que o paciente é incapaz de qualquer tipo de contato interpessoal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que há 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Estima-se que a cada 88 crianças uma é autista, com prevalência cinco vezes maior em meninos. Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas os sinais ficam evidentes de fato antes da criança completar 3 anos.


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