domingo, abril 28, 2019

Não basta fechar o gol, tem que fazer muito mais

Matheus De Santi Alves
PUC-Campinas




Roberto Guastali, ou simplesmente Betão:
"A gente vem tendo uma mudança de
comportamento de jogo dentro da Ponte Preta"
Foi-se o tempo em que para ser um bom goleiro “bastava” fechar o gol. Criado para homenagear o grande arqueiro Manga, o dia do goleiro foi comemorado sexta-feira, dia 26. Os tempos mudaram e a posição hoje em dia exige mais desses atletas: agora tem de trabalhar com os pés, criar jogadas e, quando possível, fazer gols.

Ivan Quaresma, goleiro titular e destaque da Ponte Preta com apenas 21 anos, destaca a importância de trabalhar esse fundamento: “há um bom tempo o goleiro é introduzido nesse meio, de sair jogando com os pés, fazer uma boa saída de bola, uma reposição rápida. Aqui mesmo na Ponte Preta, a gente sempre faz trabalho com os pés, treina saída de bola e eu acho muito importante isso, porque com uma boa saída de bola, fazendo a bola chegar com qualidade lá na frente, temos uma grande chance de fazer o gol”, disse.

Quaresma ainda destacou a importância do estudo e treinamento no futebol, para estar pronto, por exemplo, para defender um pênalti. Só nesta temporada, o goleiro da Macaca já defendeu quatro penalidades. “Eu procuro olhar alguns vídeos, mas tem de considerar o momento, há algumas técnicas... cada goleiro tem sua maneira. Eu procuro esperar o máximo, e definir na hora da batida”, completou.

Apesar de a prioridade ainda estar no saber defender, os números provam que o jogo com os pés precisa ser treinado e incorporado ao esquema de jogo da equipe. “A gente não pode perder o grau de importância: a defesa é muito válida ainda, mas não podemos ir contra os números. O goleiro usa os pés em 55% das ações, o que é um número muito grande, mais do que a metade. Então, a construção tem que se iniciar ali. A gente vem tendo uma mudança de comportamento de jogo dentro da Ponte Preta. Hoje o goleiro é inserido no trabalho. Quando ele domina uma bola, há as opções, e são treinadas essas opções. Então, inserir o goleiro no trabalho é muito importante para que a situação funcione bem”, explica Roberto Guastali, ou simplesmente Betão, preparador de goleiros da Ponte Preta.

Os diferentes estilos de jogo praticados por cada equipe têm uma influência na participação do goleiro com a bola nos pés durante a partida. Uma equipe que trabalha com posse de bola necessitará mais da participação do goleiro na criação de jogo, enquanto uma equipe que joga reativamente, apostando no contra-ataque, precisará menos dessa participação. É o que mostram as estatísticas do site Footstats de equipes como Santos, e Fluminense, que apostaram na posse de bola como estilo de jogo, no último Campeonato Paulista e Carioca, respectivamente.

O goleiro Vanderlei, do Santos, teve uma média de 21 passes trocados por partida, e Rodolfo, do Fluminense, 28. Números considerados altos, comparados aos número de Cássio, por exemplo, goleiro campeão paulista pelo Corinthians, equipe que jogou de maneira reativa. A média de passes trocados pelo goleiro corintiano na competição foi de 8 por jogo. A maior utilização do goleiro como peça de criação promove uma maior variedade de opções táticas para uma equipe propor jogo.

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