domingo, abril 28, 2019

Ação beneficente ajuda as vítimas de Moçambique

Leticia Vigano Batista
PUC-Campinas



O fotógrafo Gabriel Chiarastelli, de 34 anos, mora em Campinas e atua na profissão há 14 anos. Durante sua carreira, já visitou vários países incluindo Angola e Moçambique, ambos do continente africano. Após a passagem do Ciclone Idai em Beira (Moçambique), Chiarastelli teve a iniciativa de desenvolver um projeto humanitário que consiste na venda de quadros fotográficos que expressam o cotidiano e a identidade do povo moçambicano. O projeto, chamado “Devolva o sorriso a Moçambique”, tem como objetivo arrecadar recursos financeiros para os sobreviventes da tragédia, que deixou mais de 1000 mortos e mais de 1 milhão de pessoas desabrigadas, sem água e comida.

O fotógrafo Gabriel Chiarastelli em Moçambique
Dentro de aproximadamente 2.165 imagens do cotidiano moçambicano, registradas em 2016, foram separadas 22 para serem vendidas no projeto. Segundo Chiarastelli “aquelas imagens me fizeram relembrar a alegria de um povo que, neste momento, tem sofrido com as consequências da passagem do ciclone. Então passei a me questionar o que poderia fazer com aquelas fotos para ajudar pessoas tão distantes geograficamente, mas tão próximas de mim em coração”. O projeto foi divulgado pelo Instagram, Facebook e Whatsapp, tendo um alto nível de compartilhamento, até mesmo a família do surfista Gabriel Medina compartilhou o projeto e impulsionou a iniciativa.

“Devolva o sorriso a Moçambique” foi viabilizado em parceria com a “Coragem para Tudo”, uma plataforma de confecção e venda online de quadros e prints, que foi responsável pela produção e operação (impressão, moldura, comercialização e logística) de todos os quadros. Cerca de 100 cópias foram vendidas e o valor líquido arrecadado será destinado à missões humanitárias que visam a reconstrução das cidades afetadas.

Alfai Antônio Armando Alfândega
O moçambicano Alfai Antônio Armando Alfândega, de 26 anos, mora no Brasil há 8 anos e é natural da cidade de Beira, a mais atingida pelo ciclone Idai. Segundo ele, “projetos como o do Gabriel ajudam a restaurar, não somente o sorriso dos moçambicanos, mas também trazem de volta a dignidade, trazem esperança. Vale ressaltar que mesmo parecendo pouco para quem doa ou compra, para os beirenses é tudo o que eles tem. Então vale a pena”, afirmou.

Alfândega relata que a destruição na cidade de Beira e Vila de Buzi foi grande, dados da UNICEF apontam que 1,6 milhão de crianças precisam de assistência humanitária e 2 bilhões de pessoas enfrentam graves riscos à saúde por conta da falta de água. “Muitas pessoas perderam seus familiares, casas, sua produção agrícola e alimentos. A minha família perdeu casa e seus bens. Muita gente está no abrigo e sem comida. Além disso, agora vem a pior fase: as doenças. Um mês depois já se registam cerca de 2500 casos de cólera, que causaram muitas mortes, além de inúmeros casos de malária”, afirmou o moçambicano.

Assim como Chiarastelli, Alfândega soube da tragédia pelas redes sociais e pelas mídias brasileiras. O jovem moçambicano afirma que o ciclone destruiu muitas estruturas, por isso, a cidade de Beira ficou sem sinal de telefone e energia, “para falar com os meus familiares demorei 2 semanas. Foi um tempo difícil, parecia uma eternidade”, disse.

Apenas seis semanas após a passagem do ciclone Idai, outro ciclone devastou Moçambique na última quinta-feira, 25 de abril, deixando ao menos 3 mortos e cerca de 30 mil pessoas tiveram que deixar suas casas para se protegerem do ciclone Kenneth. Apesar da situação atual do país, Chiarastelli e Alfândega pretendem voltar a Moçambique ainda esse ano para levar recursos e ajudar as cidades que foram atingidas.

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