PUC-Campinas
Celebrado no dia 12 de maio, o Dia Mundial do Enfermeiro é marcado pela luta pela valorização da profissão. Foi estabelecido em 1974. A data foi escolhida em homenagem à enfermeira Florence Nightingale, considerada a “mãe” da enfermagem moderna, que atuou durante a Guerra da Crimeia, no século XIX. Diversos conselhos e sindicatos se fazem presentes para a regulamentação da atualidade. Em Campinas, o Sindicato da Saúde (Sinsaúde) e o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren) atuam como fiscalizadores da Enfermagem na região do estado de São Paulo.
De acordo com a conselheira do Coren Regiane Amaro Teixeira, “o Coren é um órgão fiscalizador da profissão. Embora muitas pessoas vejam o Conselho como um órgão punitivo, ele na verdade tem uma função educativa e de luta por direitos”. Ainda nas palavras da conselheira, a verificação acontece de diversas formas, “desde a frequência de escalas até a quantidade de pessoal nos hospitais e a carteirinha do sindicato”.
Crise
A crise econômica que assolou o Brasil nos últimos anos afetou diversos setores do trabalho, e com a enfermagem não foi diferente. Nas palavras de Sofia Rodrigues do Nascimento, do Sinsaúde, “o desemprego (em decorrência da crise) não afetou o profissional enfermeiro apenas, mas também o hospital como um todo. Ainda mais os hospitais que se utilizam dos convênios e serviços terceirizados, pois as demissões e cortes afetam os atendimentos aos pacientes”.
Em contrapartida, o mercado de trabalho no que diz respeito à atuação do enfermeiro cresceu. Segundo Regiane Teixeira, o enfermeiro pode atuar como “auditor, em home care (atendimento domiciliar), em clínicas ou laboratórios”, por exemplo.
Além disso, dar aulas (após a licenciatura) e trabalhar em bancos de sangue também são opções disponíveis. Os enfermeiros podem, conforme o avanço na carreira, se especializarem em diversas áreas, como UTI (Unidade de Terapia Intensiva), Cardiologia e Centro Cirúrgico.
Contudo, um grande número de graduados na profissão geralmente acaba congestionando suas agendas com mais de um emprego. Isso, de fato, pode afetar o desempenho como profissional: “Os graduados, normalmente, conseguem de dois a três empregos. Mas isso nem sempre é bom. A qualidade do trabalho diminui, e por mais graduada que a pessoa seja, com esse acúmulo de horas ela acaba não sendo a mesma coisa que ela poderia ser como profissional”, diz Sofia Nascimento.
Tal acúmulo de cargos e o estresse podem afetar a saúde do trabalhador. De acordo com Edson Eugênio, do Sinsaúde, “com o 12 de maio, nós queremos falar para os hospitais e empresas que valorizem seus trabalhadores. O hospital não é como uma fábrica de sapatos, que fecha às sextas-feiras e volta a abrir nas segundas; são 24 horas. São muitos turnos e muitas pessoas, por isso nós (enfermeiros) temos que cuidar dos outros, assim como temos cuidar de nós mesmos”.
Edson Eugênio ainda complementa que a taxa de suicídio entre os profissionais da saúde tem aumentado e que é uma preocupação do sindicato também trabalhar o lado psicológico e emocional da profissão. “Às vezes o profissional não admite que também pode adoecer”, completou Sofia Nascimento.
Para os conselheiros, a enfermagem tem conquistado cada vez mais sua posição como cargo essencial em um hospital. Para Nascimento, o empoderamento do profissional da saúde é sempre importante: “Hoje há uma maior autonomia na profissão, e tanto o técnico de enfermagem quanto o enfermeiro devem buscar seu empoderamento como agente da saúde. A fase em que o médico era o ‘todo-poderoso’ acabou, pois cada um tem o seu papel”.
Nas palavras de Edson Eugênio, houve uma evolução dentro das equipes de hospitais. “De fato existe uma evolução em relação ao trabalho em equipe, pois antigamente existia muito a visão de que o médico tinha o poder máximo. Mas hoje não. Há o trabalho em equipe, a procura pela informação sobre o paciente em questão através dos enfermeiros e dos técnicos”.
“São atribuições diferentes, e cada um tem a sua função de importância na equipe. O médico, por exemplo, faz visitas, mas quem fica mais de 12 horas com os pacientes somos nós. Na beira do leito, até o olhar final do médico, somos nós”, diz Regiane Teixeira.
Sofia Nascimento articula a respeito do reconhecimento do profissional: “Temos que ser muito fortes. O sindicato, por exemplo, luta há anos buscando a valorização do profissional da saúde. O reconhecimento era muito pouco, e nós gritamos para a sociedade pedindo que os reconheça, afinal, no leito de um hospital, todos serão atendidos por um de nós. Não importa quem eu sou ou onde eu moro, pois no meu horário de trabalho, estou cobrindo minha função. É essa valorização que nós, sindicatos e conselhos, não cansamos de buscar: A dos trabalhadores da saúde”.
Por fim, Eugênio reafirma a importância da saúde do próprio profissional, usando de exemplo a demanda de serviço exigida pelas atuais empresas do setor: “O trabalhador da saúde está ficando cada vez mais doente. Como as empresas querem resultado, elas aumentam jornada de trabalho, tiram benefícios, e não investem da maneira adequada. Isso sacrifica o bem-estar da pessoa que exerce a profissão”.
“Nós, como representantes da profissão, estaremos sempre cobrando pelos direitos dos profissionais”, completa Sofia Nascimento.
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