sábado, junho 08, 2019

Epidemia de dengue em Campinas é a terceira maior da história

Nathália Luperini
PUC-Campinas


Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, a cidade já registrou este ano mais de 18 mil casos da doença e quatro mortes. O número só não é superado pelas epidemias de 2014 e 2015. É o terceiro maior desde 1998, segundo os dados disponíveis.

Ano Número de casos
1998 1.397
1999 117
2000 81
2001 728
2002 1.464
2003 423
2004 30
2005 119
2006 742
2007 11.442
2008 306
2009 200
2010 2.647
2011 3.178
2012 979
2013 6.976
2014 42.109
2015 65.628
2016 3.542
2017 131
2018 301
2019 18.515
Fonte: SINAN/DEVISA

De acordo com a Prefeitura, até o dia 30 de abril mais de 320 mil endereços foram visitados pelas equipes que atuam no controle da dengue. No mesmo período, cerca de 73 mil imóveis foram nebulizados com inseticida e aproximadamente 203 mil tiveram criadores removidos.

A nebulização é eficaz contra os mosquitos que já estão na fase adulta. No mês de maio o processo foi suspenso na cidade devido à falta de fornecimento do inseticida pelo Ministério da Saúde. A Bayer, responsável pela produção, recolheu o inseticida alegando problemas na fórmula e não forneceu maiores informações sobre o assunto. A previsão de retorno do recebimento é para este mês.

De acordo com o Informe Epidemiológico realizado pelo Departamento de Vigilância Sanitária de Campinas (DEVISA), as regiões com maior número de moradores infectados são a Noroeste, no Distrito do Campo Grande, a Sudoeste, no Distrito do Ouro Verde, e a região Sul da cidade, na região do aeroporto de Viracopos. 




Heloisa Malavasi, bióloga e coordenadora do Programa de Arboviroses da Prefeitura de Campinas, atribui o crescimento do número de casos a questões comportamentais da população. “O controle da dengue é uma coisa que envolve uma mudança de hábito das pessoas em relação ao cuidado com seus imóveis, em relação ao criadouro”. Ela explica ainda que, mesmo sendo algo simples de evitar, as pessoas não incorporam esses hábitos. “Se cada um tiver 10 minutinhos na semana para cuidar e fazer essa inspeção, mantendo o imóvel livre do criadouro, é o mais importante para reduzir a densidade populacional de mosquito’’.


Leia Bruno é uma das mais de 18 mil pessoas atingidas pela doença este ano em Campinas. Moradora do bairro Campo Belo, na região Sul da cidade, ela conta que o diagnóstico foi rápido. Leia lembra os primeiros sintomas que sentiu. “Tive muita dor de cabeça, muita dor no corpo, dor nos olhos, no fundo dos olhos. Eu estava muito mal mesmo, só queria saber de cama”, conta. 

Para tratar a doença, além dos primeiros cuidados no hospital, ela afirma ter tomado muito soro caseiro e relembra a dificuldade para comer e beber água. “O gosto da comida era horrível, o gosto da água era horrível. Então eu não conseguia comer nem beber nada”, afirmou. 

Na cidade, a prevenção conta com agentes de saúde por meio de visitas nas casas ou em atividades coletivas em escolas, ONG’s e empresas, por exemplo, e da realização de campanhas.

O ciclo do mosquito passa por ovo, larva, pupa e adulto pode se completar em 8 dias, por isso a retirada de criadouros deve ser regular.



Não existe um tratamento específico contra o vírus, apenas a medicação prescrita pelo médico para os sintomas causados pela doença, ingerir muito líquido para evitar a desidratação e permanecer em repouso.

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