domingo, junho 09, 2019

Número de taxistas em Campinas cai mais de 60%

Lariel Gomes
PUC-Campinas

Nilson Moitinho: “Recentemente apareceu outro
concorrente: as bicicletas e patinetes"
Do início de 2018 até agora, o número de taxistas diminuiu 62% em Campinas, segundo dados fornecidos pela Apetax (Associação dos Permissionários Auxiliares de Táxi). A principal causa do fenômeno é a expansão dos aplicativos de transporte.

Segundo Inácio Rodrigues da Fonseca, presidente da Associação dos Taxistas de Campinas e Região e presidente do Sindicato dos Taxistas, a concorrência com os aplicativos ficou muito complicada no último ano, fazendo com que muitos desistissem de trabalhar na área. “No início de 2018, nós contávamos com cerca de 3.200 taxistas atuando na cidade. Com a expansão dos aplicativos, hoje em dia esse número não passa de 1.200”, disse Fonseca.


O presidente também ressalta que ficou muito difícil encontrar gente para trabalhar no período noturno, tendo uma queda de 80% nesse horário.

O motorista Nilson Moitinho, de 60 anos, mora em Campinas há 43 anos e atua como taxista no Distrito de Barão Geraldo há 29. Para ele, as novas tecnologias estão impactando a atividade. “Recentemente apareceu outro concorrente: as bicicletas e patinetes. Em percursos curtos, muitas pessoas desistiram de chamar a gente”, afirmou. O recurso começou a ser oferecido em 2019 no distrito. Usa créditos via cartão ou recargas de R$ 10, R$ 20 ou R$ 40.

Moitinho também comenta que perdeu muitos colegas de profissão: "Tenho mais de 10 amigos que antes eram taxistas, mas mudaram para trabalhar para os aplicativos". Quando questionado o motivo de ele não ter mudado também, disse que colocou “tudo na ponta do lápis” e, juntamente com sua clientela fixa, concluiu que não compensava. O motorista destacou ainda, a título de exemplo do esvaziamento da atividade, que a venda de alvarás (licenças de táxi), uma atividade ilegal, era um mercado aquecido na cidade: “Antigamente, um ponto como o meu, se quisesse vender, valia em média R$ 500 mil, já hoje em dia, caso alguém queira vender, não vale mais de R$ 70 mil”, concluiu.

Leonardo Crescenzo, 23 anos, é estudante de direito e conta que muitas vezes necessita de algum meio de transporte alternativo para chegar ao estágio, que fica a cerca 16 km de sua residência. Sua preferência, atualmente, é sempre pelos aplicativos.

"Antigamente eu utilizava bastante o serviço dos taxistas, porém, com a chegada dos aplicativos de transporte, ficou muito mais fácil pra mim". Leonardo explica que entre os benefícios, os mais relevantes pra ele são o menor preço, e a possibilidade de fazer um pagamento rápido através do cartão de crédito que já fica cadastrado no aplicativo. "Na maioria das vezes utilizo o serviço quando estou com pressa ou aconteceu algum imprevisto, então, não é sempre que estou com dinheiro em mãos para pagar a corrida. A facilidade do pagamento com o cartão proporciona muito mais praticidade e velocidade nesse tipo de ocasião", disse.

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