domingo, junho 09, 2019

RMC registra queda de 5,39% em exportações

Isabeli Carolina Lemos 
PUC-Campinas

Área de cargas do Aeroporto Internacional de Viracopos:
exportações vinham de um ciclo de forte alta, mas incertezas políticas
e econômicas do Brasil afetaram o comércio
O estudo sobre a Balança Comercial, feita pelo Observatório da PUC-Campinas, com dados consolidados do mês de abril de 2019, mostra uma continuidade da queda das exportações na RMC (Região Metropolitana de Campinas). No acumulado do ano, a RMC importou US$ 4,15 bilhões (crescimento de 8,76% comparado ao mesmo período de 2018), enquanto exportou US$ 1,39 bilhão (redução de 11,58% comparado ao mesmo período de 2018). O estudo é feito com dados utilizados nas análises do Ministério da Economia.

O economista e professor Paulo Oliveira, coordenador do estudo, explica que a desvalorização do câmbio não é o único fator que impacta nas transações: “Seria esperado um efeito cambial significativo nas exportações se fosse um resultado constante, mas não é o que acontece. Por exemplo, se formos produzir um carro no Brasil é necessário importar peças de vários lugares, ou seja, se o câmbio está desfavorável para a importação, o carro fica mais caro e consequentemente mais difícil de exportar. Por isso o efeito é baixo”.

O economista e professor Paulo Oliveira
O principal motivo da queda é a crise econômica que o Brasil enfrenta e que afeta a produtividade. Há um declínio no PIB e uma piora na qualidade do produto brasileiro. Com isso, a pauta de exportação tem sofrido um processo de desindustrialização. “A produção tem se voltado para produtos mais simples, produtos menos manufaturados e com menos grau de sofisticação, o que explica grande parte da queda das exportações”, esclarece o economista.

Como ponto positivo dos dados analisados, em relação ao mesmo período do ano passado, há o aumento da exportação de inseticidas, fungicidas, herbicidas e equipamentos e dispositivos elétricos de ignição. Por outro lado, houve queda na exportação de automóveis de passageiros e peças de tratores e veículos especiais.

Contudo, o déficit comercial da RMC continua em expansão no início do ano de 2019. O aumento das importações de agroquímicos pode representar um aumento na produção agrícola regional e nacional, bem como uma reorganização produtiva das empresas do setor que estão exportando mais a partir de suas plantas na RMC.

Viracopos
O desequilíbrio entre exportações e importações na RMC é tão grande que está afetando o desempenho do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, que registrou uma queda de 19% em relação ao mesmo período do ano de 2018, sendo movimentado 15.739 toneladas no 1º trimestre de 2019 contra 18.479 toneladas em 2018.

O gerente de Operações de Carga do Aeroporto de Virapocos de Campinas Ricardo Augusto Luize, esclarece que as exportações vinham de um ciclo de forte alta nos últimos 3 anos, mas que, devido às incertezas políticas e econômicas do Brasil, houve um abatimento no mercado como um todo. De acordo com o economista Paulo Ricardo, o principal motivo de o Aeroporto Internacional de Campinas ter sido um dos mais afetos é devido às exportações de produtos de maior valor agregado, como as peças automotivas.

Competitividade
Uma das conclusões do estudo do Observatório da PUC-Campinas é a necessidade de melhorar a competitividade internacional, sobretudo em produtos de maior complexidade econômica, e diminuir a dependência externa, que pode ser amenizada com políticas comerciais e industriais articuladas para melhorar a competitividade da indústria.


Loading...
Loading...

Nenhum comentário: